Há muito para falar sobre a superstição, alguns têm muitas e que por vezes até condicionam a sua vida, crenças já enraizadas e de extrema importância para que essa pessoa se sinta confortável, basta que algo corra mal e tudo se deve à crença que teve naquela superstição, deixou a pata de coelho em casa e pronto tudo vai acabar em desastre... Será mesmo assim? Acham que as coisas só acontecem com determinadas condições e com certos amuletos? O que é melhor, deixar as coisas acontecer ou viver angustiado que algo de azarado aconteça porque viu um gato preto? Partiu o vidro e pronto lá se vão 7 anos à vida , vai pagar caro por esta desatenção e também pela substituição do vidro! O 13 numero do demónio, nem pensar sentar 13 pessoas à mesa, pomos mais um prato e comemos mais apertados, dia sexta feira e dia 13 vai ser uma aventura, tudo o que de mal acontecer é obra dessa data. Não será porque damos mais atenção ao que acontece nesses dias e perante esses factos vimos mais "azares". Eu acho que como se depende emocionalmente de alguma superstição é dificil deixar andar. Não será melhor viver sem estas dependências? Aos poucos tentar por exemplo ver um gato preto e descobrir que afinal é um animal igualzinho aos outros. Tantos sofrem ou já sofreram por alguem achar que são maus porque nasceram diferentes...
Deixo aqui um artigo sobre os gatos pretos, vejam bem e digam se não é disparate não gostar desses gatos.
A história de vida do gato preto é impressionante. Adorado por uns, sacrificado
por outros, o gato preto sobreviveu a tudo apenas para reclamar o lugar que mais
gosta de ocupar: um sítio quente, junto à janela.
As superstições acerca
dos gatos nasceram desde cedo. Um dos primeiros povos a atribuir uma aura
mística ao gato foram os egípcios que o idolatravam, tendo mesmo um Deus com a
sua forma física, Bast. Em honra desta divindade, os egípcios mantinham gatos
pretos em casa e davam-lhes honras reservadas a faraós, mumificando-os depois de
mortos.
Mas foi na Idade Média que o gato viu a sua sorte mudar. Apesar
de prestarem um importante serviço ao homem, caçando os ratos que eram
considerados uma praga em todo o lado, a verdade é que havia uma legião de gatos
vadios que faziam das cidades o seu território.
Sobrepopulação terá sido o primeiro motivo pelo qual o gato deixou de cair em
graça para passar a cair em desgraça.
A Idade Média ficou marcada pela
superstição, bruxaria e febre religiosa. O gato, como animal independente e
solitário, captou a atenção tanto de pagãos como cristãos.
No paganismo,
o gato representa sabedoria e protecção, mas na magia negra, o gato preto macho
personifica o diabo. No tarot, no baralho de Rider Waite , a Rainha de Paus é
representada com um gato preto aos seus pés, significando energia instintiva,
mas domesticada.
O gato é um animal que caça durante a noite e era na
Idade Média acolhido por pessoas solitárias. Os gatos vadios eram os animais de
estimação de mendigos e pobres, o que não abonou em relação à imagem do gato. Os
olhos penetrantes que iluminam as noites contribuíram provavelmente para a
catalogação do gato como espírito demoníaco. A cor preta era a cor das trevas e
do mal, o que tornou os gatos desta pelagem os mais perseguidos pelos cristão e
inquisidores. A sua associação às práticas pagãs, apenas provocou um maior
distanciamento entre os cristãos e o gato. O facto de o gato ser muitas vezes
sacrificado em rituais pagãos tornou-o num símbolo a combater.
Depressa
começaram a surgir histórias que ligavam os gatos à bruxaria. Reza a lenda que
por volta de 1560, em Linconshire, filho e pai foram assuntados por um gato
preto que lhes cruzou à frente. O animal coxeava e tinha vários arranhões e
dirigiu-se para a casa de uma mulher que os habitantes da região suspeitavam que
fosse bruxa. No dia seguinte, a mulher apareceu com uma ligadura no braço e
tinha passado a coxear. Outra história relatada conta que um agricultor cortou a
orelha de um gato durante a noite. O homem acreditava que o gato estava a
assombrar a sua propriedade. No dia seguinte, o agricultor regressou ao local
apenas para encontrar parte da orelha de um humano. Na Alemanha, as histórias
sobre a dualidade bruxa/gato preto são comuns. Uma mulher após ter sido acusada
de bruxaria e condenada à fogueira, transformou-se em gato preto enquanto ardia.
Foi assim que surgiu o mito de que as bruxas se transformam em gatos pretos
durante a noite. É foi também desta forma que se encontrou justificação para
perseguir estes animais.
Em paralelo com as lendas surgem também outros
factos históricos que na altura serviam de base de sustentação a muitas
superstições. O Rei Carlos I de Inglaterra tinha um gato preto de estimação. O
monarca acreditava que o seu gato lhe trazia sorte. Coincidência ou não, o gato
morreu um dia antes de o Carlos I ter sido preso por Oliver Crommwell. O monarca
foi acusado de traição e mais tarde decapitado.
Surpreendentemente, o
gato preto sobreviveu a décadas, se não séculos de perseguição. A sua pelagem
negra, pela qual era perseguido, era também uma vantagem quando caçava à noite,
fundindo-se com a escuridão. Nestes tempos, não faltava alimento para os gatos,
uma vez que os ratos abundavam pelas cidades e campos.
Pela altura do
Renascimento, a Igreja Católica tinha já abrandado a caça aos hereges. Esta foi
uma boa notícia para o gato por duas razões: por um lado os cristãos tinham
conseguido reduzir a prática do sacrifício de animais, e em particular dos gatos
com pelagem preta e por outro, deixaram de ser perseguidos pelos próprios
cristãos.
Mas da Idade Média resistiram as superstições profundamente
enraizadas na cultura popular. Apesar de em Portugal ser mais comum associar o
gato preto a um mau presságio, são várias as superstições que lhe são favoráveis
noutros países.
Superstições Comuns
Na Escócia
Um gato preto no alpendre
traz prosperidade.
Na
Itália
Ouvir um gato preto a espirrar traz boa sorte.
Se um
gato preto se deita na cama de uma pessoa doente, significa que a morte dessa
pessoa está perto.
Nos Estados Unidos da
América
O gato preto que cruza o nosso caminho traz má
sorte
Na
Irlanda
O gato preto que cruza o caminho de alguém durante noites
de luar, é prenúncio de epidemia.
Na
Inglaterra
Na costa de Yorkshire, as mulheres dos pescadores
acreditam que os seus maridos regressarão sãos e salvos da faina se mantiverem
em casa um gato preto.
Mais generalizada entre os pescadores era a crença
de que os gatos pretos mantidos em casa enquanto saíam para pescar era sinónimo
de bom tempo em alto mar. Há quem defenda que o preço dos gatos pretos chegou a
aumentar de tal formar que muitos marinheiros não tinham dinheiro para comprar
um exemplar.
Em algumas regiões da Inglaterra acredita-se que oferecer um
gato preto à noiva trás sorte.
Na
França
No Sul deste país, acredita-se que tratar de um gato preto
trás boa sorte.
Na
Alemanha
Um gato que cruza o caminho de uma pessoa da direita para
a esquerda é mau agoiro, mas da esquerda para a direita é boa
sorte.
Na Letónia
Para os
agricultores deste país, encontrar um gato preto nos depósitos de sementes é uma
óptima notícia. Para eles, estes gatos são o espírito de Rungis, Deus da
Colheita.
Superstições Actuais
Hoje em dia, o gato preto continua a ser mais
do que um gato de pelagem escura. Ainda há quem veja nele sinal de boa ou má
sorte. Num estudo realizado nos gatis e associações de animais dos Estados
Unidos da América, verificou-se que o gato preto era a segunda pelagem menos
desejada. A primeira era a castanha. Assim, numa ninhada de gatos de várias
cores, o gato preto era sempre dos últimos a ser adoptado.
A acentuar a
ideia de que o gato preto ainda não é encarado como um outro gato qualquer, nos
Estados Unidos da América, onde há uma forte tradição de celebrar o Halloween,
algumas associações de animais têm uma política especial que implementam nessa
altura. Neste feriado manteve-se em alguns locais a tradição de sacrificar
animais, entre eles o gato preto. Por esta razão, a adopção destes gatos fica
congelada algumas semanas antes e depois desta festividade.
Em Portugal,
as superstições sobre os gatos pretos não parecem ter tanta força e é bastante
comuns encontrar um gato preto como animal de estimação. Não deixa de ser
curioso que em Inglaterra, apesar da caça às bruxas e aos gatos vivida na Idade
Média, as superstições que resistiram associam invariavelmente o gato a bons
sinais.
Contudo, o gato preto parece ainda estar muito longe de recuperar
a posição que tinha no Antigo Egipto. Ou talvez não, uma vez que, tal como os
outros gatos, parecem ser peritos em ganhar a adoração dos donos.
(Artigo retirado do site Arca de Noé)